Lev Vygotsky: O Manuscrito de 1929

Importante tradução de A. A. Puzirei, da qual reproduzo o informe:

O final dos anos 20 foi para Lev Semionovich Vigotski um tempo de elaboração intensiva teórica e prática das teses básicas de sua teoria histórico-cultural do psiquismo do homem. Deixou para trás o primeiro qüinqüênio, relativamente tranqüilo e apesar de tudo feliz, de sua vida em Moscou, depois da mudança em 1924 da cidade de Gomel – tempo de sua constituição como psicólogo, de incrível e impetuosa ascensão de sua estrela, quando em poucos anos este homem, ainda muito jovem, de um professor provinciano desconhecido transformou-se em uma das figuras mais notáveis e avançadas da jovem psicologia soviética. Pesquisador com autoridade científica impecável, rodeado de um grupo de jovens discípulos também talentosos, entusiasticamente devotados a ele, pleno de elevada consciência de sua missão no desenvolvimento da ciência, cheio de idéias, projetos e planos, a maior parte dos quais, infelizmente, por causa da sua morte prematura, não estava destinada a realizar-se. Como que pressentindo isso, L. S. Vigotski trabalhou muito e rápido todos estes anos. Da sua pena, um após outro, saíram grandes trabalhos, que constituem hoje o corpo da concepção histórico-cultural e que há muito entrou para os arquivos de ouro da literatura psicológica nacional e mundial. Quase cada um desses foi pouco a pouco preparado por esboços e anotações preliminares, os quais Vigotski fez, na maioria das vezes, "para si", não predestinando-os para publicação. Mas até esta "fala interna" peculiar de Vigotski, por causa da sua capacidade surpreendente de viver e fazer tudo na sua vida logo "às claras", "sem rascunhos", apresenta em si, via de regra, textos autônomos, ligados e às vezes inteiramente acabados. Exatamente assim é o manuscrito publicado em seguida, de 1929, do arquivo de família de Vigotski, o qual foi concedido bondosamente pela filha do cientista – G. L. Vigotskaia. Este trabalho não apenas permite espiar o laboratório criativo do famoso pensador, com clareza ver o processo de cristalização de algumas teses da teoria histórico–cultural, bem conhecidas pelos trabalhos clássicos de L. S. Vigotski do inicio dos anos 30, mas contém também uma série inteira de idéias originais e desenvolvimentos de pensamentos, os quais não tiveram elaboração em trabalhos posteriores. Em relação a isso as anotações publicadas de L. S. Vigotski jogam nova luz em algumas teses fundamentais de sua concepção, apresentando-as de ângulo tal, que as torna extremamente atuais também para a psicologia moderna.
A proximidade de vários temas, formulações e exemplos e, até em determinado grau – também da lógica geral de construção do texto publicado – com o trabalho "História do desenvolvimento das funções psíquicas superiores" (especialmente com o seu segundo capítulo) permite ver o manuscrito dado na qualidade de delineamento preliminar, esboço do trabalho principal de Vigotski – na verdade, mais provavelmente, não daquela sua versão canônica, a qual é conhecida de todos pela sua publicação em 1960 e reimpressão recente no III volume da coletânea das suas obras, mas daquela primeira e curta versão do trabalho, até agora ainda não publicada, que se mantém no arquivo da família do cientista.
Nesta publicação são preservadas as especificidades da sintaxe e todos os destaques do original. A ortografia está de acordo com as normas atuais. As inúmeras abreviaturas foram reconstruídas com a decifração do manuscrito. Todas as adições no texto foram colocadas entre parênteses retos e também todas as notas de rodapé e comentários, se isto não está ressalvado, especialmente as que pertencem ao autor do artigo introdutório. 

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"All testing, all confirmation and disconfirmation of a hypothesis takes place already within a system. And this system is not a more or less arbitrary and doubtful point of departure for all our arguments; no it belongs to the essence of what we call an argument. The system is not so much the point of departure, as the element in which our arguments have their life."
- Wittgenstein

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"Le poète ne retient pas ce qu’il découvre ; l’ayant transcrit, le perd bientôt. En cela réside sa nouveauté, son infini et son péril"

René Char, La Bibliothèque est en feu (1956)


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